Monday, March 8, 2010

Rock on!

Qualquer experiência de musical na Broadway vem acompanhada de um quê de cafonice. Falo isso sem um pingo de preconceito com musicais, que fique claro. Eu gosto deles, na maior parte das vezes. E acho que a elaboração de um bom musical é trabalho de gênio, pois pense como deve ser difícil escrever uma peça ou um filme partindo da premissa de que as pessoas devem se comunicar cantando sem que isso pareça esquisito. Imagine um amigo que, em vez de simplesmente dizer como se sente diante de um problema, demora uma canção inteira, com direito a passinhos ensaiados e piruetas, para expressar seus sentimentos. Haja paciência.

Mas eis que tivemos uma ótima experiência no fim de semana: Rock of Ages. Estão lá todos os elementos básicos do musical, como uma história de amor mal resolvida entre o mocinho e a mocinha e o conflito entre o bem e o mal, além de atores com vozeirão e muitas piruetas. A diferença? Há várias: uma banda de rock no palco, uma trilha sonora formada por sucessos do rock farofa dos anos 80 e garçonetes que circulam pela platéia pegando pedidos ("we have basically a full bar, sir", ouvi uma delas dizer para um empolgado espectador atrás de mim).

A peça se passa num bar de roqueiros em Los Angeles no fim dos anos 80. Está lá toda a aura exagerada daquela época: cabelões, mullets, jaquetas com tachinhas, cores berrantes. Parte da platéia, já animada por poder beber na poltrona do teatro, se empolga cantando as músicas. E olhando as pessoas em pé batendo papo durante o intervalo - olhando também o tamanho da fila do banheiro - a impressão que se tem é que se está numa festa, e não numa peça. Toda a cafonice proposital de Rock of Ages o torna nada cafona.

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