Sunday, August 30, 2009

McMico

Sexta-feira corrida, coisas pra resolver na rua, muito trabalho pela frente, entramos num McDonalds com objetivo claro: engolir um sanduíche e voltar pra casa. Rápido, de preferência.

Chegamos no balcão, o Tiago pede um dos sandubas novos, eu escolho um Cheddar. A mulher fala "Ahn?"; eu repito, "Cheddar McMelt". A antipatia da mulher vira impaciência. "What?". "Ai Jesus", penso eu cá comigo. E resolvo que o problema deve ser o sotaque. Começo a enrolar a língua. "Tchédarrr Méeequi Méeeelt", falo devagar. A impaciência da mulher vira desprezo por mim. "I dunou whatcha talkin about", responde ela, com olhar de indiferença. Começo a olhar pra cima, pro cardápio, procurando a porcaria do sanduíche. E aí me dou conta de que ele não existe. Sim, o Cheddar não existe nos EUA! Começo a rir com o Tiago, enquanto a mulher continua a me olhar com desprezo e impaciência. E parto pra um McFish.

Mas vai, gente, o treco chama Cheddar McMelt... eu lá ia saber que não tinha por aqui.

Wednesday, August 26, 2009

Pig Flu

Da Folha de S. Paulo de hoje:

Estudo divulgado pelo conselho de consultores em ciência e tecnologia do presidente dos EUA, Barack Obama, afirma que o vírus H1N1, causador da gripe suína, pode atingir até 120 milhões de americanos, ou 40% da população do país.
...
Os especialistas calculam que o total de mortes associadas ao vírus ficará entre 30 mil e 90 mil.
...
A previsão é que haja uma segunda onda da gripe no hemisfério Norte em outubro, com a volta às aulas e o retorno do frio.

Ai ai ai. E tome vitamina C e álcool gel.

Monday, August 24, 2009

Hora certa, lugar certo

Olha, só pra constar: a partir de agora eu vou assinar os meus posts. Foi o Tiago que mandou, porque lá embaixo aparece nós dois assinando, e na verdade sou eu escrevendo. Mas ele vai aparecer por aqui um dia, eu prometo.

Este post é pra contar como o meu sábado foi estranho. Coisas boas não costumam acontecer comigo. Quer dizer, elas acontecem. Mas to falando de coisas boas esquisitas, daquelas que você pensa que estava no lugar certo na hora certa. Coisas de filme. Bom, vou contar e vocês vão entender.

Sábado o Tiago me expulsou de casa, porque precisava trabalhar e toda a minha beleza iria desconcentrá-lo. Aí eu resolvi que queria ir no MoMA, mas logo desresolvi quando vi que custava 20 dólares o ingresso. Fim do mês, grana curta, eu sou mão de vaca... juntou tudo. Mas o Tiago mandou eu deixar de ser besta e ir pro museu. E eu obedeci, né?

Chegando lá, estou na fila do ingresso quando um homem chega do meu lado e diz: "Ei, você quer o meu ingresso?"

E eu: "Uhm, não, mas obrigada". Eu sou muito desconfiada, e entendi que ele queria me vender o ingresso.

Aí ele já estava indo embora, mas voltou e falou: "Fica com ele, de qualquer maneira. Estou indo embora mesmo".

Peguei o ingresso na mão e vi que era uma entrada gratuita - ou seja, ele deve ter carteira de imprensa, ou é associado do museu, algo assim. Perguntei por que ele não queria o ingresso, e ele respondeu que já tinha visto o que queria e que a moça da entrada não havia marcado o papel.

Então tá, né? Entrei de graça no MoMA!!!

Aí eu já estava bem feliz. Minha mão de vaquice é tanta que eu fico feliz de poupar 20 dólares. E o MoMA é muito legal, mas mais tarde eu conto dele.

O que aconteceu depois foi mais estranho ainda. Saí do museu, almocei e lembrei que eu queria ir numa peça da Broadway que ia terminar na primeira semana de setembro. Na noite anterior eu tinha decidido não comprar os ingressos porque ia sair muito caro. Fim de mês, grana curta, etc. Mas como tinha tomado uma cerveja no almoço, estava relaxada e resolvi dar um pulo no teatro pra gastar dinheiro. Chegando lá, fui escolher as entradas. Não vou contar quanto custavam, mas não eram baratas. A mais barata - que pra mim já era cara - equivalia à última fileira do mezanino. Láaaa atrás. Pensei: f*-se. Perguntei pro moço da bilheteria qual era o melhor lugar disponível e pedi dois ingressos.

Aí aconteceu a coisa estranha: o moço da bilheteria perguntou de onde eu era e começou a puxar papo. Eu, inocentemente, dei papo pro moço (ele era engraçado). E o moço gostou de mim. Dei meu cartão de crédito e, quando ele me devolveu o recibo pra assinar, o valor total era 100 dólares a menos do que deveria ser. Hein?, perguntei pro moço. Ele falou que era aquilo mesmo, que era uma surpresa pra mim. Ou seja, ganhei um descontão!

Daí saí do teatro muito eufórica com a segunda economia involuntária do dia. E voltei correndo pra casa, com medo de que alguma coisa ruim acontecesse. Vai que acontece, né?

Le

Sunday, August 23, 2009

Fruta$$$


Hoje tomei meu primeiro suco de frutas natural em dois meses. Era de laranja. Custou a bagatela de 10 reais.

Friday, August 21, 2009

Inferno e inverno

A capa da última Time Out New York traz "75 coisas para fazer antes que o verão acabe". Aí o texto diz algo do tipo: "não é pra você entrar em pânico ou nada, mas faltam apenas 5 semanas e meia de verão".

Coisas que dizem pra eu não entrar em pânico me deixam em pânico. É instantâneo. Que nem as instruções de segurança antes do avião decolar. Se o treco não vai cair, por que diabos eu tenho que saber o que fazer caso ele caia? Não tenho medo nenhum de avião, mas este momento específico me deixa tensa. O mesmo aconteceu quando fiz uma ressonância magnética este ano. Se o treco é seguro, por que tenho que assinar tantos formulários de segurança me responsabilizando caso algo dê errado?

Eu comecei a temer o inverno daqui desde que chegamos. Sempre gostei de invernos de verdade, com neve e tudo, mas nunca morei num lugar assim. E os relatos me assustam. Um conhecido do Tiago contou que já viu o Hudson congelar! Dizem que nosso bairro, justamente por ser perto do rio, tem ventos terríveis. Outro dia, o Tiago entrevistou um cara inglês que já morou por aqui e afirmou que o inverno é um horror. Notaram o problema? O cara é da Inglaterra, onde é frio pra burro, e se impressionou com o frio de Nova York.

Pra piorar, eu estou na lista das pessoas mais friorentas da face da Terra. (E faço parte da comunidade do Orkut chamada "Se nevar a gente morre")

Por enquanto, está um calor dos infernos. Julho foi um mês com dias agradáveis; agosto está sendo um mês com dias estupidamente quentes. O ar é quente e úmido. Saímos de uma loja com ar condicionado, ontem, e nossos óculos embaçaram. Em julho a gente ia fazer piquenique na grama. Agora, o piquenique é na mesa da sala mesmo, com o ar condicionado a toda. As estações de metrô são tão quentes que, quando o metrô - geladinho - chega, eu quase choro de felicidade.

Mas daí a passar pra um rio congelado já é demais pro meu gosto. Fato é que, se eu sobreviver aos patins, meu próximo desafio será o inverno.

Thursday, August 20, 2009

Duas coisas

Primeira coisa:

Chegou meu brinquedinho! Ele cabe no meu pé (eba) e é lindo, cinza e rosa (bem de menina).

Agora tenho que aprender a andar de patins... Acho que vai ser mais difícil do que eu pensava. No meu primeiro minuto sobre rodas (dentro de casa, que fique claro), caí de bunda no chão e atropelei o pé do Tiago.

O Tiago, por sinal, mandou eu tirar os patins porque o capacete ainda não chegou. Ele pareceu realmente preocupado me mostrando os lugares da sala onde eu poderia bater a cabeça e morrer. Então agora tenho que esperar o capacete.

Segunda coisa:

Ontem a gente quase foi atropelado. Foi assim: a rua estava engarrafada, e uma vaca, em vez de esperar antes do sinal, parou o carro em cima da faixa de pedestre. E o óbvio aconteceu: o sinal abriu e as pessoas começaram a atravessar entre uma van e o carro da vaca. E o que a vaca fez? Assim que a van saiu da frente, começou a andar com o carro! Acho que ela tava com vontade de fazer boliche de gente, só pode. Bom, mas eu to contando essa história porque achei engraçado o seguinte: quando a vaca veio pra cima, eu olhei pra cara dela (claro que ela não teve coragem de olhar na minha cara) e berrei "EEeei, ta maluca?", em português. Óbvio que ela não ia entender, né? Mas é engraçado como quando o sangue sobe a gente esquece que está em outro país com outra língua.

Monday, August 17, 2009

Sobre rodas

Entonces, eu tinha inventado que queria comprar patins. Tive a idéia ainda em São Paulo, pra andar no Villa Lobos, mas não cheguei a pensar muito nela. Chegando aqui em pleno verão, a vontade voltou. Devo estar há um mês falando disso e o Tiago não deve mais aguentar. Já contei pro meu pai e pra minha mãe e fiz muita pesquisa na internet. Descobri, por exemplo, que 10 pessoas morreram na cidade na última década por causa dos patins. Cinco foram atropeladas, e outras cinco caíram e bateram a cabeça - e não teriam morrido se tivessem de capacete.

Daí começou minha lista:

* patins
*capacete

Mês passado vi uma patinadora ser atropelada por um ciclista. Nada grave, mas o cotovelo dela ficou todo ensanguentado. Aumentei a lista:

* joelheira, cotoveleira e proteção pro pulso

Fim da lista, comecei a procurar o patins. Achei exatamente o que queria na Amazon, mas daí veio o medo de comprar na internet e o treco não ficar legal no meu pé. As resenhas no site elogiam bastante o patins escolhido, dizem que é pra se guiar pelo número do sapato que dá certo, etc. Ainda assim, resolvi ir a uma loja - vamos fazer tudo certinho, né?

Escolhi uma loja especializada em skate e patins. Entro, e o primeiro andar é lotado de roupas de skatista. Olho para os lados, e todos os vendedores usam boné e camiseta larga. Ninguém vem me atender, e eu procuro sozinha a seção de patins. Que se resume a uma micro parede. Olho, olho e chamo um vendedor-skatista. Faço perguntas básicas, digo que quero começar a patinar, e o cara me diz que, "pra iniciante", só tinha um patins. Não gosto da cara do bicho. Conto do meu patins na internet. O skatista me olha desconfiado e pergunta a marca. "Rollerblade", respondo. "Tem certeza? Nunca ouvi falar de um Rollerblade com esse nome". E empacamos aí. Resolvo mudar de assunto. "E preço? Qual a variação de preço?". "Ahhhh, você não consegue um patins decente por menos de 200 dólares", diz ele. Oi? Não, não quero pagar isso tudo não, moço. Mas resolvo não levar a conversa adiante. Saio com a impressão de que estas lojas especializadas devem ser ótimas pra quem é super entendido, mas só complicam a vida de quem quer simplesmente andar de patins nos fins de semana na ciclovia perto de casa.

Sigo para outra loja. Esta, uma das maiores lojas de esportes de NY. Me perco no meio do caminho, é claro, mas acabo encontrando o diabo do lugar. Entro em um mundo de bicicletas, luvas de boxe e roupas de mergulho, e, láaa no finzinho, acho o buraco onde ficam escondidos os patins e skates. Um cara atrás de um balcão monta um skate; outro está mostrando patins para um casal. Legal, penso eu, é nele que eu vou. Enquanto espero o casal ser atendido, vou olhando os equipamentos de segurança. Quando volto a olhar pro vendedor, há outras três pessoas querendo comprar patins. Que êsso, gente? Lotação! Desisto da atenção do vendedor, mas resolvo ouvir as explicações dele pro povo - que são basicamente as mesmas explicações do skatista da primeira loja. Este novo vendedor gosta de se gabar de sua habilidade com os patins. Mostra o modelo preferido. "Venho do Brooklyn até aqui com ele!", conta. Legal, moço, mas dá pra me atendeeeer por favoooor. Sem receber atenção, volto pro canto e tento testar a cotoveleira, e descubro que nem isso sei fazer direito. De que lado é pra enfiar? Resolvo que não vou comprar porcaria de patins nenhum ali, vou comprar na internet, mas que vou olhar os capacetes (muito importante!).

Interrompo o vendedor-patinador e digo: "Eu poderia estar roubando, poderia estar matando, mas estou aqui humildemente pedindo a sua atenção".

Brincadeira, claro que eu não disse isso. O que eu disse foi:

"Oi. Eu queria comprar um capacete pra andar de patins".

E ele (com cara de desprezo):

"Os capacetes estão ali naquela parede"

"Ahm, eu vi (não sou cega, sabe?). Mas queria uma ajudinha. Não sei qual é bom"

"Todos são bons" (já sem paciência). "Você experimenta. Se ficar grande, tá ruim. Tem que ficar certinho".

"Ahhhh, thanks", respondo, abaixo a cabeça e me recolho a minha insignificância.

Experimento o capacete médio, e fica grande. Experimento o pequeno, e fica pequeno. Frustração total: tenho uma cabeça intermediária, pelo visto. Resolvo que não vou comprar mais patins nenhum. Vou é andar a pé mesmo, e olhe lá.

***
Chegando em casa, conto a história pro Tiago, que me anima a comprar o patins. Penso, penso, e, antes de dormir, entro na Amazon e compro tudinho - até uma bolsa pra guardar os bichinhos. Acordo o pobre coitado do Tiago, que já dorme feliz, pra contar a novidade. E quase não consigo dormir de excitação, que nem criança que sabe que vai ganhar o presente que mais queria de Natal.

Acordo hoje de manhã, olho meu e-mail e... meu cartão de crédito foi recusado. Nãaaaaao! Não é possível, penso. É um sinal pra eu não andar de patins, só pode ser. De novo, o Tiago me convence que é só coincidência. Tensa, entro no site do banco e vejo números em vermelho. "Ahhhh. To no vermelho", grito. E lá vem meu querido marido correndo (poque ele sabe que os meus maiores medos são borboletas, pombos e entrar no vermelho). Alarme falso, não estou no vermelho. Entro na Amazon e descubro que botei a validade do cartão errada - era mês 10, escrevi 6. Ufa.

Finalmente comprei meu novo brinquedinho. Daqui a alguns dias, quando ele chegar, eu conto se fiz um bom negócio ou uma grande burrada.

Saturday, August 15, 2009

Subway

Para entender como é complexo o metrô daqui:

Tínhamos que pegar a linha C pra ir pra casa. Na plataforma, um papel pregado na parede dizia que a linha C não estava funcionando, e era pra pegarmos a A. Pegamos o metrô A e, no meio do caminho, o "motorista" diz no alto falante que, a partir dali, ia fazer o trajeto da linha F. Claro que isso significava não parar na nossa estação. Tivemos que seguir até o Brooklyn e pegar o metrô A voltando para Manhattan. Na brincadeira, perdemos uns 40 minutos.

E mais cedo eu tinha comentado como era bom morar numa cidade com uma vasta rede de metrô, onde ele realmente funciona. Ele realmente enlouquece a gente, isso sim.

Thursday, August 13, 2009

A grande descoberta de Neguinho

Este post não tem nada a ver com com NY - bom, indiretamente até tem.

Saiu no blog Roda de Samba, do site do jornal Extra: Neguinho da Beija-Flor é furtado na Europa

O crime aconteceu na Itália. Neguinho - que perdeu dinheiro, mala, laptop e passaporte - conta:

“Visitamos o Vaticano, o Coliseu e depois fomos a uma praia tirar fotos. Quando voltamos, nossa van estava arrombada e tinham levado tudo: malas, cachês dos músicos e passaportes. Dizem que só no Brasil tem ladrão, mas aqui também tem!”

Primeiro: como alguém deixa o passaporte dentro de um carro? Pelamordedeus! A segunda coisa que eu penso quando vejo uma notícia assim é que brasileiro - e carioca, principalmente - tem mania de achar que na Europa não tem ladrão. Estamos sempre tão acostumados com a violência e as malandragens do Rio que chegamos em cidades como Roma e Paris e relaxamos totalmente.

Conheço várias histórias de furtos na Europa. E já vi furtos acontecerem na minha frente, sem que nem eu ou ninguém percebesse. O último caso foi o de uma amiga querida que mora em Londres - e eu não acredito que ela seja desligada com essas coisas. Mas foi o caso clássico: estava numa loja experimentando um sapato e descuidou da bolsa por um segundo. Pronto, já era. Muitas vezes são crianças, senhoras ou mulheres com carrinhos de bebê - e que não têm a mínima pinta de suspeitas - que cometem o crime. Há alguns anos vi uma argentina entrar em desespero ao ter a bolsa furtada - com o passaporte dentro - em um McDonalds de Paris. A última pessoa que lembrávamos ter sentado perto da mesa dela era uma mulher idosa, que havia ido embora minutos antes.

Eu acho que às vezes não tem jeito mesmo. Quando um ladrão te ameaça, não há o que fazer. Mas muitos furtos podem ser evitados com cuidados simples, como nunca pendurar a bolsa na cadeira do restaurante e sempre desconfiar de pessoas que se aproximam dizendo que acharam dinheiro no chão e que pode ser seu - basta você abrir a carteira pra checar que já era. Mas de repente o primeiro cuidado quando se está no exterior é não dar uma de Neguinho da Beija-Flor e achar que só existe ladrão no Brasil...

Thursday, August 6, 2009

Five

Eu não sei se já tem aí no Brasil, mas a Häagen Dazs lançou aqui uma linha de sorvetes chamada Five. Se já tem aí, todo mundo conhece, bla bla, foi mal. Vou falar sobre os sorvetes mesmo assim (haha), então aguentem.

A linha chama Five porque os sorvetes só têm cinco ingredientes. Acho que é uma aposta saudável, leve, clean, etc. O pote é branco e tudo. Os ingredientes são leite (dãaa), ovos, açúcar, creme (diz cream no pote, não sei que diabo de creme é esse) e o sabor - tem de chocolate, gengibre, hortelã, maracujá, baunilha, café e açúcar mascavo.

Eu provei o de chocolate, of course. Não tava levando muita fé, mas o sorvete é ó-te-mo. Ele dá a impressão de ser mais leve que o sorvete normal, mas é muito cremoso. Tive que tirar o pote da minha frente pra não comer mais.

Então é isso aí, pessoal. E de nada, Häagen Dazs, pela propaganda "di grátis" neste popular blog - suas vendas irão aumentar, com certeza.

Tuesday, August 4, 2009

Eu e minhas galochas

Domingo fui ao cinema. Até aí, grandes coisas. Mas vou contar a história do cinema porque às vezes eu sou tão atrapalhada que nem eu mesma acredito que possa haver uma pessoa tão atrapalhada.

A história começa, na verdade, no sábado. No sábado, eu comprei um par de galochas. Eu queria muito ter galochas. Quando eu era pequena eu sempre tinha galochas. A última, se não me engano, foi uma branca, que levei pra Disney quando tinha oito anos de idade. Nas fotos eu apareço de galochas e calça de moletom. Combinação super fashion, por sinal.

Mas voltando ao fim de semana, eu comprei as galochas e acordei feliz no domingo quando vi que estava chovendo. É um sinal, pensei. Já tinha decidido ir ao cinema, e agora poderia usar as galochas. Mas aí a chuva apertou demais e pensei que seria meio bizarro proteger meus pés e ficar com o resto do corpo todo molhado - porque era daquelas chuvas com vento, em que guarda-chuva não adianta nada.

Esperando a chuva melhorar um pouco, fiquei em casa lendo, e acabei pegando no sono. Quando acordei, estava sol. Não acreditei. Teimosa, calcei as galochas e fui pra rua.

Não, não é bom usar galochas com sol, eu aprendi. Depois de cinco minutos, minhas pernas suavam e suavam sem parar. Cheguei ao cinema morreeeeendo de calor, querendo desesperadamente que um par de havaianas aparecesse por mágica na minha bolsa. Não apareceu.

***
Além disso, cheguei atrasada. E tinha decidido que compraria pipoca. O cinema era de uma daquelas redes enormes, com umas 50 salas. Entrei na fila da pipoca, demorou um século, fiz minha compra e saí correndo pra sala. Quando eu entro, o cinema está completamente lotado, com pessoas sentadas no chão, e o filme já começado. Pensei: ué, cadê os trailers? Quanto tempo passei na fila da pipoca?

Bom, estava escuro, eu estava enrolada com um saco enorme de pipoca na mão (tudo neste país é enorme) e não dava pra ficar ali, em pé. Arrumei um lugar no chão e sentei, bem pau da vida que tinha perdido o começo do filme e que tinha pagado 25 reais pra ter que sentar na porcaria do chão.

Começo a prestar atenção na telona e não entendo nada. O protagonista com cara de arrasado, as pessoas na platéia morrendo de rir. Pensei: isso não tá certo. Não pode ser o começo do filme. Depois de duas cenas, pego meu sacão de pipoca e saio da sala, sem saber muito bem o que fazer. Começo a procurar algum funcionário do cinema pra perguntar, e dou de cara com a sala certa. Sim, o filme estava passando em mais de uma sala, dãaaaa. Com o tempo perdido na sala errada, perdi também os bons lugares nesta. Cacete, penso eu. Tive que sentar lá na frente - mas pelo menos não era no chão e o filme ainda não tinha começado.

E finalmente eu e minhas galochas pudemos relaxar.

Sunday, August 2, 2009

Woody

Hoje passou Annie Hall na TV. Alguém entende como isso é legal? Ver Annie Hall na TV em Nova York é muito legal. Só falta eu cruzar com o Woody Allen na rua amanhã...