Wednesday, June 30, 2010

Mundo animal

Só queria contar que os mini-patos aqui do meu laguinho já estão enormes. Ainda não são patos em tamanho normal, mas já viraram adolescentes, eu diria. Cresceram muito rápido. De repente o crescimento acelerado tem relação com a quantidade de biscoitos que as criancinhas do bairro jogam pra eles. Muita gordura trans na veia.

E esta é minha análise - com muito embasamento - da vida dos patos.

Wednesday, June 23, 2010

Copa e cozinha

Você é brasileiro e tem um restaurante de comida brasileira em plena rua 46 - conhecida como Little Brazil. É dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo. Nova York tem brasileiro pra cacete. Brasileiro adora futebol. O que você faz? Pela nossa experiência nas duas primeiras partidas da seleção, absolutamente nada. Não bota a equipe pra funcionar a pleno vapor, não aumenta o estoque de comida e bebida. Em resumo assim bem resumido: nada mesmo.

No restaurante onde vimos o primeiro jogo a coisa funcionava da seguinte forma: todas as mesas ocupadas, o bar inteiro ocupado, gente se espremendo nas paredes e apenas um garçom. Unzinho. Aí este garçom-gênio te entregava o cardápio e, quando você fazia o pedido, ele falava assim: "olha, hoje só tamo servindo picanha". Uai, garçom, então pra que entregar o cardápio cheio de estrogonofe e salmão? A cerveja acabou pelo meio do caminho. Chegou mais - mas estava meio quente, of course. Conseguir uma caipirinha, nem pensar. O único barman, com toda a razão, não dava conta dos 520 mil pedidos. No banheiro, faltava luz. Nada da máquina de cartão de crédito funcionar. E, para completar, o garçom-gênio esqueceu de fazer o nosso pedido para a cozinha. Havíamos chegado uma hora e meia antes do jogo para comer com calma, e, no fim do primeiro tempo, já estávamos roendo as unhas de fome. Questionando o querido garçom, recebemos a seguinte resposta: "ó, vou ser sincero com vocês. acabou a comida. agora só depois do jogo". Fui reclamar com a dona do restaurante, que só deu as caras no meio da partida, quando o caos já havia se formado. "chegou uma picanha novinha agora, vai sair já já". então tá. Almoçamos no meio do segundo tempo. A picanha estava boa, pelo menos. Ou vai ver a fome era grande demais.

No segundo jogo, fomos a um restaurante do outro lado da rua. Como era domingo, chegamos mais cedo ainda, pouco depois de meio dia, e já encontramos uma fila. Debaixo de um sol escaldante, torcedores guerreiros vestidos de pintinhos amarelinhos derretiam pacientemente em frente à porta - fechada. Dali a pouco, aparece uma mulher lá de dentro: "só vamos abrir 13h30", anunciou, completando que haveria "consumação mínima de 50 dólares por pessoa". Agora, explica a lógica de abrir o restaurante só uma hora antes do jogo, quando obviamente a fila já estaria enorme, e ter que servir todo mundo ao mesmo tempo? Desta vez não ficamos para ver o caos se formar. Estava calor demais. Caminhamos alguns metros e, em plena Little Brazil, paramos num pub irlandês, que nos recebeu de portas abertas e cerveja gelada, sem consumação mínima ou espera sob o sol.

E depois brasileiro gosta de contar piada de português.

Friday, June 18, 2010

Senhoura

Depois de um ano morando em Nova York, finalmente fui visitar a Estátua da Liberdade. Agora posso concluir que:


A Estátua da Liberdade é uma estátua cercada por turistas de todos os lados.


Monday, June 7, 2010

Do Brasil

De onde vocês são? - pergunta o senhorzinho que veio oferecer para tirar uma foto nossa em frente ao museu de arte da Philadelphia enquanto eu esticava o braço ao máximo para conseguir enquadrar eu, o Tiago e o prédio.

Do Brasil - responde o Tiago.

Oh, que legal - diz ele, pensativo. Já imagino que vai citar o Pelé. Ledo engano.

É lá que tem aquela praia, Apaiabiacana...

Enquanto eu mergulho nos meus arquivos cerebrais para tentar descobrir que diabo de praia é essa, o Tiago responde, animado:

É! Cobacapana.

Isso! - diz o senhorzinho.

Ahhh... penso eu.

Lá nesta praia tem muuuita mulher bonita - complementa ele.

Eu interpreto a afirmação como uma referência à prostituição de nossas praias e abro um sorriso amarelo. O Tiago interpreta como um elogio e, mais uma vez animado, completa:

É, que nem essa aqui - e aponta para mim.

Meu sorriso amarelo vira uma gargalhada amarela. E o senhorzinho, depois de concordar, sai, com um risinho maroto no rosto.

***

Oi, você pode me dar um espacinho pra eu conseguir falar com o barman? - digo pra um careca depois de rodar de um lado para o outro e não conseguir chegar nem perto do balcão. Ele se afasta, com uma cara meio antipática, e eu faço meu pedido. Ele me olha, eu percebo e continuo olhando pra frente. Tenho certeza que, se eu olhar pra ele, vou ouvir algo antipático. Decido ceder o lugar de volta, digo que já fiz o pedido, posso esperar atrás.

Você está de férias? - é a resposta dele. Oi?

Não. Moro aqui. E mais não digo. Sotaque dos infernos... Volto a olhar para frente.

Mas você é de onde?

Do Brasil.

Aaaaah - ele abre um sorriso, e fala em português, também com um sotaque dos infernos: "Oi, como vai você?"

Ah, você fala português? - pergunto eu, em português.

Um pouquinho. (E volta para o inglês. Acho que esse foi todo o pouquinho) Tive uma namorada brasileira, que morava em Ipanema. Fui algumas vezes pra lá.

Legal. Ipanema é bem legal.

Sim. Mas sabe o que é mais legal? Ela me levou a um lugar que ninguém conhece! Impressionante... Ninguém conhece!

Gente! Que lugar é esse? - penso eu, esperando uma grande revelação do careca.

Saquarema!