Monday, February 28, 2011

Listando

Eu faço listas. Adoro fazer listas. E depois adoro ir riscando aquilo que já resolvi. As minhas listas costumam ter itens como "ligar para o médico tal", "pagar conta de luz", "comprar papel higiênico", "não esquecer o aniversário da vovó" (sim, já esqueci uma vez, e sei que vou pro inferno por causa disso).

Por isso abri um sorriso quando, fuçando um bloquinho antigo, encontrei uma lista especial de coisas a resolver.

Esta era a lista:

- passagem avião Londres - Roma

- trens Itália

- reserva museus

- seguro

- carro Toscana

- hotel Toscana

ai ai, pendências boas...

Wednesday, February 9, 2011

O pombo

Salvei um pombo das garras do capitalismo. Na verdade, foi de uma vitrine das Lojas Americanas. Eu odeio pombos, quem me conhece sabe. Mas, a caminho da farmácia, lá estava o pobre coitado se jogando contra o vidro em meio à bagunça daquela vitrine sem personalidade. Pude ver em seus olhos o desespero com a confusão de cores e produtos sem relação. Cadernos entre liquidificadores, aparelhos de DVD, chocolates e cadeiras de praia.

Entrei na loja e o barulho das asas contra o vidro era alto. Ainda assim, ninguém havia notado. Me dirigi a um vendedor de camisa vermelha que empilhava pacotes de biscoito em uma prateleira.

Com licença, moço, você sabia que tem um pombo preso na vitrine?

Um pombo?

É, um pombo. Sabe esse barulho? É o pombo.

Ahhh, ele deve estar tentando sair, respondeu o ágil vendedor, antes de começar a mobilizar forças e traçar um plano de ataque para tirar o pombo do meio dos cadernos coloridos.

Saí da loja antes que a operação resgate tivesse início, porque, se aquele pombo sai voando perto da minha cabeça, sou eu que morro do coração.

Friday, February 4, 2011

Sonhos

Não vendo roupas, vendo sonhos.

- Frase da vendedora competentíssima que
me fez gastar uma pequena fortuna com três
vestidos lindos de morrer.

Ontem eu estava cansada, muito cansada, e quis me dar presentes. Marquei uma massagem, almocei num lugar que adoro e entrei na loja onde há semanas tinha visto um vestido lindo de morrer na vitrine.

Da última vez que passei pela vitrine, acompanhada do marido, mostrei pra ele. "Lindo, né, amor?". "Uhm...", foi a resposta depois de uma olhada de meio segundo para o meu objeto do desejo.

Ontem passei lá e o vestido continuava na vitrine. Além dele, um aviso de liquidação. É um sinal, pensei. Ele era o último, ficou perfeito e já foi estreado, ontem à noite mesmo. Pra não ficar sozinho, ganhou outros dois irmãos. Não sou nem um pouco consumista impulsiva, entendam. Foi tudo culpa da vendedora competente que vendia sonhos.