Wednesday, March 17, 2010

Lâmpada mágica

Tudo aconteceu muito rápido. Precisávamos de uma luminária para o nosso escritório. A luz pifou e eu decidi não substituí-la. Era uma luz daquelas de cozinha, brancas, que eu detesto. Resolvi que seria melhor botar uma luminária com luz amarela indireta. As lojas moderninhas de Manhattan só têm luminárias caras. As mais tradicionais só têm luminárias horrorosas - e caras. Sobrou a Ikea, uma rede sueca com loja no Brooklyn onde compramos praticamente a casa inteira. Mas e a preguiça de ir até a Ikea comprar uma coisa só? É longe, demora pra chegar, eu vou acabar inventando de comprar mais do que devia e vou voltar, cheia de tralha, me xingando no metrô.

Diante deste grave problema, eis que vou jogar o lixo fora tarde da noite e, assim que adentro a salinha do lixo (tem uma salinha onde jogamos o lixo), dou de cara com uma luminária. Oi? Eu olhei para ela, ela olhou para mim, fiz uma análise rápida para ver se não havia algum fio solto ou aparência de que algo estava quebrado. Nada. Agarrei a pobre coitada e saí correndo com ela pelo corredor. Eu sei que não estava roubando nada. Mas vai que dou de cara com o ex-dono da luminária? Caio dura de vergonha na hora.

Chego na frente do apartamento e a porta tinha batido. Começo a tocar a campainha - com cuidado para não fazer muito barulho e chamar a atenção dos vizinhos - e o Tiago vem lentamente atender. Assim que ele abre, eu e a luminária pulamos para dentro. E ela funciona, direitinho.

Desde então, toda vez que vou jogar o lixo fora mentalizo alguma coisa para ver se a encontro lá na salinha. Até agora, nada. Voltou a ser uma salinha sem graça. E sem poderes mágicos. Triste, triste.

Wednesday, March 10, 2010

O fim


O inverno começa a dar sinais de despedida, e já é possível ver o pôr do sol assim, ao ar livre, sem o vento congelante que machuca o rosto. E eu só tenho uma coisa a dizer: ieeeei!

Monday, March 8, 2010

Rock on!

Qualquer experiência de musical na Broadway vem acompanhada de um quê de cafonice. Falo isso sem um pingo de preconceito com musicais, que fique claro. Eu gosto deles, na maior parte das vezes. E acho que a elaboração de um bom musical é trabalho de gênio, pois pense como deve ser difícil escrever uma peça ou um filme partindo da premissa de que as pessoas devem se comunicar cantando sem que isso pareça esquisito. Imagine um amigo que, em vez de simplesmente dizer como se sente diante de um problema, demora uma canção inteira, com direito a passinhos ensaiados e piruetas, para expressar seus sentimentos. Haja paciência.

Mas eis que tivemos uma ótima experiência no fim de semana: Rock of Ages. Estão lá todos os elementos básicos do musical, como uma história de amor mal resolvida entre o mocinho e a mocinha e o conflito entre o bem e o mal, além de atores com vozeirão e muitas piruetas. A diferença? Há várias: uma banda de rock no palco, uma trilha sonora formada por sucessos do rock farofa dos anos 80 e garçonetes que circulam pela platéia pegando pedidos ("we have basically a full bar, sir", ouvi uma delas dizer para um empolgado espectador atrás de mim).

A peça se passa num bar de roqueiros em Los Angeles no fim dos anos 80. Está lá toda a aura exagerada daquela época: cabelões, mullets, jaquetas com tachinhas, cores berrantes. Parte da platéia, já animada por poder beber na poltrona do teatro, se empolga cantando as músicas. E olhando as pessoas em pé batendo papo durante o intervalo - olhando também o tamanho da fila do banheiro - a impressão que se tem é que se está numa festa, e não numa peça. Toda a cafonice proposital de Rock of Ages o torna nada cafona.

Wednesday, March 3, 2010

O resultado

Sim, andei sumida do blog, eu sei. Mas acredito que todos - ou quase todos - os queridos leitores tenham me encontrado nas duas últimas semanas, certo? Se houver algum desconhecido desavisado a passar por aqui, informo: estivemos no Brasil, com a desculpa oficial de renovar o visto americano, a vontade imensa de pular carnaval e a deliciosa obrigação de visitar parentes e amigos. Não deu pra ver todo mundo, pois o tempo era curto, mas foi o suficiente para me sentir novamente carioca e lembrar por que eu amo São Paulo (não é pelo trânsito, posso garantir).

O resultado do carnaval foi uma inflamação no pé que me deixou de molho por dois dias; o resultado dos encontros com os amigos em almoços e jantares quase diários foi um piriri. O Tiago vai brigar comigo por eu falar do piriri na internet, já sei, mas eu precisava contar como meu organismo teve um surto pelo excesso de estrogonofe do Lamas (quatro vezes, pelas minhas contas), misturado com quibe cru do Saj, feijoada da minha sogra, cachorro quente do A Chapa, coxinha do Genial, lasanha da Pati, caipiroscas (em Sampa), caipivodcas (no Rio), frutos do mar do Don Curro e, nesta mesma linha, caldeirada made in casa de papai. Ah, e sem esquecer o meu doce preferido, de cholocate e merengue, feito pela minha Dinda. Sem esquecer também das latinhas de Antarctica entre um bloco e outro, e outro, e outro. Pensando assim, até que o piriri foi bem leve.